Ontem à noite, sábado, eu assistia a uma
entrevista do jornalista mito-mor Heródoto Barbeiro no programa
Cartão de Visita da Record News. Como todo bom foca (o recém chegado na
profissão, em “jornalistês), eu ouvi atentamente aquelas palavras que ecoavam pela
televisão. De repente, uma pergunta muito interessante se fez mais relevante
quando a resposta foi dada. A pergunta: O que o novo jornalista precisa ter? A
resposta: Amor ao jornalismo, preocupação em um jornalismo correto e ético.
Até aí nenhuma novidade. Dormi matutando “Ética,
ética, ética...”. Domingo, no café da manhã, ainda sonolenta, uma manchete nem
se fez perceber “Incêndio em boate na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul...”.
Meia hora depois a ficha despenca com o peso de uma bigorna. Por uma fração de
segundos todo o meu corpo parou.
Centenas de pessoas morreram. Não é um dado
estatístico mensal, é um acidente que matou mais de 200 pessoas em UM DIA. Isso
não choca você? Isso me deixa assustada.
Durante todo o domingo um turbilhão de novos
detalhes sobre a tragédia chegava pela televisão. Enquanto ouvia cada notícia a
voz de Heródoto Barbeiro ecoava em minha mente “Jornalismo ético”. Cada
entrevista de um sobrevivente era como uma agulha entrando no meu peito. E a
cada palavra pesada dita, era como um soco no estômago.
As pessoas precisam mesmo ver tanta desgraça?
Sentir tanta dor? Até onde o jornalista deve ir pra passar a informação? Sensacionalismo
não é legal e quando se trata de MORTE é preciso cautela nas palavras, pois
estas soam quase sempre como apelativas.
Vi hoje um punhado de feitos jornalísticos que EU
como jornalista me recusaria a fazer. Eu perderia o emprego, mas não levaria
essa sensação de “pancada na cara” ao público insaciável de informações. As
pessoas QUEREM SIM saber o que aconteceu. Mas não precisam ver fotos e vídeos
de corpos no chão, de mães desesperadas soluçando a morte de seus filhos. (Eu imagino que seja assim. Me corrijam se estiver errada)
São imagens fortes, desnecessárias (a meu ver). É
uma vida que se foi, uma viagem louca pela terra que foi interrompida, um sonho
universitário abruptamente dissolvido no ar. A mídia trata a imagem como lugar
comum e se esquece do velho ditado de que Uma imagem vale mais do que mil
palavras.
Não sei vocês, mas eu não vou ter forças mentais
para deitar a cabeça no travesseiro sabendo que os canais midiáticos estão se
atropelando como cavalos de corrida em busca de um pódio chamado ibope,
enquanto o jornalismo ético é um cavalo manco esquecido no estábulo.
Espero que todos tenham entendido o meu ponto de
vista, falho, míope, porém, MEU. O modo de ver de uma quase jornalista...
Hoje não tem música, tem reflexão.
Eu penso como você, Mariana. Assistindo às reportagens do Fantástico na cobertura desse caso, percebi justamente o que você disse: as pessoas precisam mesmo ver tanta desgraça? É algo gritante para nossos olhos, machuca, deixa marcas. Muito bom o texto! Compartilho do mesmo sentimento.
ResponderExcluirSensacionalismo em busca de ibope!! Infelizmente é o que mais vende no brasil...
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