27 de junho de 2013

crise ambulante

Quando eu nasci, entrei em crise de choro. Todos os bebês choram ao deixar a tão confortável, úmida e quente barriga da mãe. Eu fui mais um entre os as centenas ou milhares, de bebês que nasceram naquele 28 de fevereiro.
Logo tive as crises de bronquite. Tosse, inalação, um tubo de oxigênio com rodinhas e uma tartaruga embaixo da cama. Dizem que a simpatia da tartaruga funciona, não sei, eu me curei.
Tive crise de personalidade, identidade, particularidade. A gente tem isso o tempo todo. Quer me ver provar? Quantas coisas você quis ser na vida? No mínimo duas.
Astronauta, veterinária, hippie, andarilha, chef de cozinha. É uma confusão sem tamanho essas minhas crises profissionais. Não consegui ser nada disso, não, como eu poderia dizer... Profissionalmente!
Como esquecer as crises de estômago? E as dos rins? E as dores de cabeça? As crises de amor... Vivo em crise, com algo, alguém, ou comigo mesmo. Preciso sempre estar em crise com outro elemento do universo. Algo precisa me incomodar, me provocar e me cutucar dizendo: Oh menina, acorda aí.
Talvez as minhas asas sejam grandes demais pra uma pessoa tão mirrada que vive de dieta e café. As asas da imaginação, as asas da lucidez. As asas da menina que viaja na maionese. Essas asas de eloquência que ficam presas e sufocadas dentro de nós fazendo cócegas dentro da gente.

São asas facilmente traduzidas em palavras. Crises alfabéticas que se desdobram sobre teclados e cadernos. São notas de voz na madrugada, recadinhos colados na cabeceira, lembretes no celular. 
É. Não são asas de Ícaro, pois quanto mais alto eu chegar, quanto mais eu me aproximar do sol, eu sei que mais fortes elas ficarão. Mas antes, vou ali ter uma crise e já volto.



Maroon 5 - Love Somebody 

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