11 de dezembro de 2012

Medo é vida

Desde criança eu ouço "Não tenha me medo". E eu sempre os tive. Foram os meus medos mais tolos que me fizeram crescer. Medo de escuro, de ficar sozinha, de espíritos, conversar com gente desconhecida, me perder vida afora, fazer escolhas erradas e medo de um dia não ter alguém pra me amparar.
Se eu não tivesse tido medo eu não estaria aqui. 
Embora pareça forte, sou uma cagona por completo. Dessas que dorme de luz de acesa.
Tive medo de me entregar demais e acabar me decepcionando. Me entreguei por completo, me fodi e amadureci. 
Tive medo de me julgarem. Me julgaram, me excluíram, me copiaram, me provocaram auto-julgamento e eu mudei. 
Tive medo de me arrepender depois. Me arrependi, desarrependi, arrependi de novo e agora tanto faz, já foi.
Tive medo de perder alguém. Perdi muitos alguéns, sobrevivi e decidi que só não posso me perder de mim mesma.
Tive medo de deixar meus sonhos serem impossíveis demais. Eles continuaram sendo impossíveis até eu provar que podia. 
Tive medo de não ter apoio. Tive repulsa de alguns e não mudou nada. As pessoas que me importam sempre estarão do meu lado.
Tive medo de morar sozinha. Hoje eu não troco a minha solidão, ela me permite viver o que/quem sou, descobrindo e redescobrindo meus limites.
Tive medo de não ser ninguém até entender que eu sou alguém. 
Tive medo de ser igual todo mundo. Mas a ficha caiu e eu vi que nunca vou ser igual as multidões. Carlos Drummond diz "Todo ser humano é um estranho ímpar". 
Tive medo de não fazer diferença alguma no mundo. Aí um dia chegou a Madalena, e eu sei que se eu não existir o mundo dela não será como é. Fazer diferença pra alguém já é fazer diferença pro mundo.
Tive medo de ser fria e não amar mais. E como um sopro o amor foi construído. 
Tive medo de chorar. Porém, se eu não chorar ninguém vai poder me ajudar.
Tive medo, tenho medo.
São os medos que nos movem pra frente. São eles que nos fazem bater no peito e enfrentar. 
Medo é vida. Medo é limite. Medo é pensar. Medo é viver.
Quem não tem medo de nada, não luta contra si mesmo. 
Sem medo não tem frio na barriga, angústia, ansiedade, não rói de unhas, come exageradamente, engasga com as palavras. Sem sentir medo não se tem a sensação de recompensa nem de dever cumprido. 
Tenha medo. Tenha vida. 




Recomendo ouvir: John Mayer - No Such Thing (...I am invincible as long as I am alive...)

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