7 de agosto de 2012

Belém além #2 - Salinas


Decidi não seguir uma ordem cronológica para descrever os lugares que tive o prazer de ir durante minha viagem para Belém. Por isso, começo falando sobre Salinópolis. Salinas, como é conhecida pelos paraenses, fica distante 210 km de Belém, no nordeste do Pará. Com águas verdes acinzentadas e areia fina e branca, as praias Atalaia e Maçarico foram as escolhidas por mim e pelo meu irmão.
Na sexta-feira, 20 de julho, às 12h montamos no carro para passar o final de semana na praia. Eu que viajo todos há 23 anos para a praia no verão, estava apreensiva para conhecer uma praia paraense onde é verão doze meses por ano. Salinas é a praia queridinha pra quem mora na capital e região metropolitana de Belém.
Atalaia
Quando chegamos, fomos direto para a Atalaia, uma praia onde é permitida a entrada de carros, e onde a maré sobe o que faz com que muitos carros fiquem a deriva, literalmente. Atalaia é a praia da badalação. Casas luxuosas à beira da praia, hotéis lotados, bares e restaurantes pipocando gente. Concluí que: era verão, alta temporada e eu não conseguia me conter de felicidade.
Eu e meu irmão ficamos observando a praia por um tempo, pouco tempo, porque a maré ia subir e então para não correr o risco do carro (alugado) ficar lá, fomos embora para a casa que ele arrumou para ficarmos, ele conhecia as pessoas, eu nunca as tinha visto. Mas estava tudo ótimo, porque eu estava de férias na praia, com meu irmão, umas garrafas de vodka e uma penca de energéticos.
Pegamos muito trânsito o tempo todo. E muitas filas, na padaria, no supermercado, na pizzaria. Em Salinas os finais de semana de julho são os mais movimentados do ano, e a explicação para isso se dá pela falta de chuva. Em julho não chove tanto quanto em janeiro. E assim como nós do sudeste, os paraenses não curtem praia com chuva.
Ficamos hospedados na praia do Maçarico, mas na noite de sexta fomos para a Atalaia, onde as pessoas se reuniam para beber e ouvir música ao lado de uma tenda onde aconteciam shows. Por lá a fiscalização em cima de motoristas alcoolizados é muito grande, então eu fiquei incumbida de ser a motorista da rodada. Milhares de carros na areia, cada um tocando uma música, pessoas circulando, vendedores ambulantes, bandeirolas de publicidade e uma infinidade de coisas confirmando que: O point dos belenenses é Atalaia.
Confesso que pra quem (eu) estava à base de coca-cola e x-bacon foi um pouco chato. Minha grande preocupação era a maré, que ia começar subir às 3h da madrugada. E eu, ia dirigir a noite na praia fugindo do mar. Criei um pânico e não sosseguei enquanto não fomos embora. O dia terminou com repelente, colchão inflável e um irmão bêbado querendo dar cerveja para um gato.
Sábado acordamos às 8h com um sol de ‘rachar mamona’. Arrumamos as tralhas e fomos a la playa. Protetor solar e isopor cheio. Ficamos quase 2h no trânsito e não conseguimos chegar à Atalaia, desistimos e fomos para a praia do Maçarico. Que praia de cinema!  
Maçarico é uma praia família. Onde carros não entram e as pessoas vão com seus guarda-sóis e cadeirinhas curtir o dia. Eu e meu irmão tínhamos apenas um isopor e uma toalha. Cerveja vai, cerveja vem. A maré estava baixando e os corais estavam cada vez mais aparentes. Moluscos em suas conchas, siris, peixinhos, caracóis e umas piscinas que formavam com a água do mar que ia descendo. Horas depois, eu e meu irmão estávamos torrados, com as costas e ombros com queimaduras de segundo grau. O sol de 36 graus e o vento que devia chegar aos 50 km/h fez pururuca de nós.
Maçarico
O trânsito estava melhor e voltamos à Atalaia. Uma pit-stop para almoçar às 16h, e comi como se tivesse feito Barretos-Belém a pé. Barriga cheia, pé na areia. Pausa para o banho de champanhe e subimos nas dunas, onde do lado de lá do morro de areia branca tem um lago, conhecido como lago da coca-cola, porque tem água escura e doce. Sentamos e assistimos ao sol se despedir da gente. Foi incrível.
Corais da praia do Maçarico
Na última noite, fomos jantar na orla do Maçarico. Muita movimentação, palco com shows, sorveterias, feirinha de praia, restaurantes e pivetes esperando a hora de dar o bote e furtar um turista desatento. Nada que difere muito do que nós paulistas costumamos ver no litoral. Do carro, vi um grupo de pessoas dançando ao som do Carimbó, que é uma música popular no Pará de origem indígena. As mulheres usam saias coloridas, exatamente como passou na novela das 6h Amor Eterno Amor. Quando voltei lá a pé eles já haviam ido embora, uma pena.
Garçaphone
Domingo de manhã partimos de volta pra Belém. O passeio dominical já estava decidido então não podíamos perder tempo no trânsito. Deixei Salinas encantada com as praias e principalmente com o clima de veraneio. Sou apaixonada por praia e clima litorâneo, e esse passeio só fez aumentar minha paixão pela água salgada. Adoro mar, areia, sol, vento e calor. Estar ali de frente pro Oceano Atlântico cheio de vestígios do rio Amazonas me fez pensar no que realmente vale a pena na vida. Claro que sem dinheiro não dá pra viajar e conhecer lugares incríveis como esse, mas são lugares assim e pessoas como o meu irmão que realmente valem à pena na vida. Sem clichê, os bens materiais vão embora enquanto os momentos que vivemos nunca poderão ser arrancados de nós.


Recomendo ouvir: Jason Mraz – I won’t give up (I had to learn what I’ve got and what I’m not, and who I am)

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