7 de abril de 2012

Sobre jornalismo, cachorros, gastronomia e uma cabeça maluca.




Sete de abril. Dia do jornalista e dos quase jornalistas, também. Como poucos no meio jornalístico, eu me esqueci da data, que obviamente veio a meu conhecimento pela internet. Não sou esquecida, só sou um pouco distraída, assim sendo, me lembro bem como vim parar aqui, entre leads, manchetes e pautas. Eu era só uma simples funcionária do setor hoteleiro, recém formada em Gastronomia, morando sozinha em uma cidade nova, sem amigos, namorado ou família por perto. Eu era uma menina de 20 anos proclamando a liberdade.
Mas eu nasci indignada com o mundo. Em tudo, eu disse, EM TUDO eu encontro uma brecha para reclamar, duvidar, contrariar, desconfiar. Talvez o cara lá de cima tenha olhado pra mim e anunciado: Essa vai ser bicho aguerrido, difícil de reprimir e de aconselhar. Pois bem, assim foi feito. E a melhor maneira de expor esses meus devaneios é escrevendo. Pra todos, pra mim, pra ninguém ler. Mas transformar um punhado de letras em anseios é meu forte. Modéstia também.
Estaria tudo bem se eu não resolvesse desconfiar das pessoas. Talvez hoje eu trabalhasse em uma cozinha, cortando os dedos, queimando panelas e fazendo as pessoas lamber os beiços com meu tempero. Mas não, o desconfiômetro estava certo, e eu que aprendi a sempre fazer as coisas do jeito CERTO E LEGAL não consegui trabalhar entre tantas irregularidades, ilegalidades e pessoas corruptas. Foi quando me vi sentada na universidade entre tantas pessoas diferentes de mim.
Era tarde. Dei outro grito de independência e virei universitária. E daquele fevereiro de 2010 até hoje, abril de 2012, eu só tenho uma certeza, to aqui nesse mundão pra polemizar usando as minhas palavras. Não sei se tenho razão e/ou fundamentos, mas eu falo. As pessoas me assustam e cada vez menos eu quero me envolver com elas. Figuras públicas então... Aprendo cada dia mais com os animais, observando seus comportamentos e atitudes com nós, humanos cheios de razão e pose. É a vira-lata Madalena que faz eu me sentir um monte de cocô diante de tudo. E a boxer Drica foi quem me mostrou o que é lealdade.
Cachorros não falam, e nem precisam, creio eu que se falassem diria a nós seres humanos como somos idiotas. Quantas vezes eu chorei e me consolei com rabos balançando, unhadas e latidos? Quantas decisões eu tomei a base de focinhos gelados? Já perdi as contas do número de monólogos observados com os olhares atentos e amendoados das duas.
Simplicidades me atraem. Comidas também. Tenho o cérebro gordo, talvez por isso a Gastronomia me cozinhou em banho-maria por três anos. Comer é minha necessidade, já saborear é minha principal qualidade. Tá certo que eu mal como, mas as poucas horas diante de um prato são as minhas favoritas. Gastronomia inclui bebidas, então, copos me atraem. Copos me atraem muito, e eu não sou alcoólatra nem bêbada, TÁ PESSOAL?! Sei o valor que um copo tem, principalmente quando ele me enche a cabeça de ideias boas sobre a vida.
E são essas ideias, esses delírios, reclamações, chatices, indignações que me enchem de certeza: estou no caminho certo (Agora sim mãe!). Sabe-se lá o que vai estar me esperando daqui um ano e meio, quero ser merecedora, independente da minha boca grande e da minha [in]sensatez. Eu quero falar pro mundo o que penso, o que vi e o que vivi, quero que as pessoas saibam o que precisam saber. Quer ser porta-voz da verdade, por mais doída e cruel que esta for. As pessoas já vivem um mundo de ilusões, de cegueira. A hora da verdade precisa chegar.


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