
Logo tive as crises de bronquite. Tosse, inalação, um tubo
de oxigênio com rodinhas e uma tartaruga embaixo da cama. Dizem que a simpatia
da tartaruga funciona, não sei, eu me curei.
Tive crise de personalidade, identidade, particularidade. A gente
tem isso o tempo todo. Quer me ver provar? Quantas coisas você quis ser na
vida? No mínimo duas.
Astronauta, veterinária, hippie, andarilha, chef de cozinha.
É uma confusão sem tamanho essas minhas crises profissionais. Não consegui ser
nada disso, não, como eu poderia dizer... Profissionalmente!
Como esquecer as crises de estômago? E as dos rins? E as
dores de cabeça? As crises de amor... Vivo em crise, com algo, alguém, ou
comigo mesmo. Preciso sempre estar em crise com outro elemento do universo.
Algo precisa me incomodar, me provocar e me cutucar dizendo: Oh menina, acorda
aí.
Talvez as minhas asas sejam grandes demais pra uma pessoa
tão mirrada que vive de dieta e café. As asas da imaginação, as asas da lucidez. As asas da menina que viaja na maionese. Essas asas de
eloquência que ficam presas e sufocadas dentro de nós fazendo cócegas dentro da gente.
São asas facilmente traduzidas em palavras. Crises alfabéticas que se
desdobram sobre teclados e cadernos. São notas de voz na madrugada, recadinhos
colados na cabeceira, lembretes no celular.
É. Não são asas de Ícaro, pois quanto
mais alto eu chegar, quanto mais eu me aproximar do sol, eu sei que mais fortes elas
ficarão. Mas antes, vou ali ter uma crise e já volto.
Maroon 5 - Love Somebody
eu estive presente em todas essas CRISES..hahahaha
ResponderExcluire ainda está!
Excluir