Vou começar essa história fazendo uma retrospectiva. Meu pai sempre teve uma imensa vontade de construir um rancho na beira do rio. Com anos de trabalho e economias a oportunidade veio e com mais esforço a construção idealizada. Aos poucos tudo ficou do jeito que sempre queremos, meu pai conseguiu comprar a lancha que sonhava, minha mãe plantou todas os vasos e orquídeas que queria. Desde então temos mantido o Rancho do Ypê com carinho e zelo.
Ontem, 7 de abril foi um dia tenso. Não só pelo fato das mortes de crianças em série na escola Tasso de Oliveira Brasil no Realengo, Rio de Janeiro, mas pelo assalto no rancho.
Pouco mais de 16:30 minha mãe me liga e despeja a notícia: Mariana, o rancho foi assaltado. E pronto, o dia foi todo por água abaixo. Peguei o carro e fui pra Planura, precisava ver com meus olhos o que dois ladrões filhos de mães vagabundas tinham feito. Vamos aos fatos.
Não sei exatamente que hora eles invadiram um rancho vizinho que está a venda, e não encontrando nada pularam no do Ypê. Ao pularem caíram em cima de um tambor de trato (milho + água fermentando e fedendo que serve de alimento pra peixes, bem feito parte um). Tentaram entrar por um vitrô na cozinha, muito pequeno. Quando então, tentam a porta da cozinha, quebram o vidro e pronto. Invadem a cozinha. A cozinha é conjugada com a sala e tinha além de eletrodomésticos, uma TV. Podiam ter roubado microondas, TV, receptor de antena, batedeira, liquidificador, panela elétrica de arroz, mixer, sanduicheira, etc. Roubaram comida. Sim, COMIDA. Abriram a despensa e a geladeira e fizeram um LIMPA. De bacon, sal, miojo e gelatina à alho e sabão. Alguns copos bonitos, baralho, lâmpadas de emergência, caixas de fósforo e facas. Tudo que foi roubado foi colocado em um carrinho, tipo carriola. Dentro das capas das almofadas da sala, e sacos plásticos.
Surpreendentemente, foi a polícia que encontrou os dois indivíduos, um de 17 e um de 13 andando na rua com um carrinho suspeito. Assumiram o crime e levaram a polícia ao local. Após tanto desespero em ver tudo destruído, jogado no chão e quebrado, a longa espera pela Polícia Científica e a volta da delegacia com todos os pertences furtados, me pus a pensar. O que leva duas crianças a assaltarem casas por comida? Sim, drogas. O crack nesse caso. E o que mais revolta? Estão livres de novo, pra cometerem mais e mais crimes como esses. Um dos policiais me disse que quando foram encontrados estavam com a boca suja de chocolate, são crianças. Duas crianças que não tem uma mãe, não tiveram educação e quando estão na pilha da droga assaltam em busca de comida e coisas que podem vir a ser trocadas por mais drogas.
Fico emputecida de ver esse tipo de coisa acontecer. Porque a maldita maioridade penal protege esses filhos da puta que se enfiam nesse mundo. Sou ignorante nessa questão, e não tenho pena de nenhum deles. Não existe esse papo de não tiveram oportunidades. Todo mundo tem oportunidade de ser melhor, mas nem todos tem uma estrutura familiar capaz de ensinar o certo e errado, ou, um caráter digno de ser um cidadão de bem.
Enquanto nós, pessoas comuns que vivem sob as leis falhas do nosso país, trabalhamos e damos o suor pra conquistar os bens materiais que desejamos, eles que vivem à margem da sociedade estão por aí, soltos assombrando as pessoas que vivem escondidas atrás de cercas elétricas, alarmes, e medo.
É isso aí Brasil ! (:
Obs: Depois publico a foto do buraco em que eles entraram. Vai para as pics do mês de abril.
Pois é infelizmente, somos educados, conscientes, cidadões organizados, educados por nossos pais, mas somos QUASE livres e isso é pior que a prisão!
ResponderExcluirVocê não é a única a ficar revoltada com tamanha impunidade. Seu caso e o do Realengo ocorreram no mesmo dia, são crimes diferentes é claro, mas não fazem de seus autores menos culpados. É assim que estamos vivendo, sempre com medo e não sabendo se o que é nosso por direito será realmente protegido e correndo o risco de perdermos a propria vida a qualquer momento!
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